Bombeiros encontram segundo corpo em deslizamento em SP

Equipes de busca tentam localizar vítimas de deslizamento na Zona Sul (Foto: Epitácio Pessoa/ AE)
                              Equipes de busca tentam localizar vítimas (foto:Epitácio Pessoa)

O Corpo de Bombeiros encontrou na tarde desta quinta-feira (7) mais uma das vítimas do deslizamento de terra ocorrido durante a manhã na Rua da Saúde, no Jardim Mata Virgem, Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo. O corpo de um menino de 3 anos foi localizado em um cômodo de uma residência apontada pelos cães farejadores.
"Havia uma quantidade muito grande de escombros e terra no local", disse o capitão Valdir Pavão, do Corpo de Bombeiros. A criança foi retirada já sem vida debaixo da terra.

A tia do garoto de 3 anos disse que a mãe do menino está sob efeito de medicamentos.


"A gente deu remédio para ela porque está muito abalada. O filho era tudo para ela", afirmou Rosimeire Jorge Ramos, de 38 anos. De acordo com ela, a mãe do menino tem medo de morar em área de encosta. "Ela tinha [medo] porque esse barranco é um perigo. Eles estavam procurando casas, mas ela tem cinco filhos então é dificil de achar", afirmou.
Além da criança, uma outra jovem morreu após o acidente. O fresador José Roberto Sanchez, de 53 anos, tio da jovem que morreu contou que a menina estava morando com o namorado e estava grávida. A familia estava preocupada por causa do local em que ela estava vivendo.


Dois adolescentes com ferimentos leves também foram resgatados. Rosimeire também é tia de um deles. De acordo com ela, ele já deixou o hospital e teve apenas ferimentos nas pernas.
A Prefeitura de São Paulo realiza uma obra de urbanização no bairro, que fica próximo da Avenida Alda, no limite com Diadema, no ABC.
Segundo o tenente-coronel Roberto Rensi, os bombeiros suspenderam os trabalhos na área onde houve o deslizamento. Eles só serão retomados se houver relato de pessoas desaparecidas feito por parentes.
Pavão disse que 50 moradias foram interditadas. O acidente afetou com gravidade pelo menos nove moradias. Por precaução, o Corpo de Bombeiros também isolou uma área de 1,2 mil metros quadrados em torno do deslizamento. A área atingida pela terra alcança cerca de 7 mil metros quadrados.


Protesto
O secretário municipal de Habitação de São Paulo, Ricardo Pereira Leite, visitou nesta quinta-feira (7) o local do acidente e disse que moradores resistiram a deixar o local.  O planejamento da obra identificou a necessidade de remoção de 500 das 2 mil famílias que vivem no bairro. Deste total, 422 famílias foram retiradas até esta quinta-feira e estão recebendo auxílio-aluguel. Outras 78 permaneciam no local até momentos antes do acidente.


"Falta remover algumas famílias. Esse processo estava sendo realizado. Mas algumas pessoas têm dificuldade para deixar seu local de moradia", disse o secretário.


Questionado se a obra pode ter provocado o deslizamento, Pereira Leite afirmou que o risco “é inerente” ao terreno. “ A obra estava sendo feita para eliminar o risco existente. A obra não foi concluída. Quando ela for, eliminará completamente o risco. O que houve foi um deslizamento de terra em um local onde uma obra estava sendo feita."


Moradores gritaram no momento em que o secretário deixava o local do acidente. "Só aparece aqui agora?", questionaram os manifestantes.


O mecânico Fernando de Jesus, de 38 anos, pai do menino encontrado morto, confirmou que a Prefeitura solicitou a retirada do imóvel. Ele disse que a Prefeitura o procurou, mas ele não foi informado do risco.


"Ofereceram uma indenização, mas com o dinheiro não tinha condição de comprar nem um barraco. O pessoal da Prefeitura disse que não haveria risco nenhum de desabar."


O coordenador do projeto de mananciais da Secretaria da Habitação, Ricardo Sampaio, negou que tivesse sido procurado pelos moradores. "Conosco, do programa de mananciais, ninguém compareceu. Se tivesse comparecido, teria sido verificado."

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