Somos uma nação no pleno gozo do estado democrático de direito. Elegemos nossos representantes pela via legítima do voto e muitas vezes ficamos imobilizados e sem muita força para agir, porque o poder que emana do povo usa de arbitrariedade para com a base de onde emergiu.
E não são apenas os espectadores do que acontece no mundo político que  sentem-se impotentes, sem força para agir e com o grito entalado na garganta. Os próprios Senadores e Deputados permanecem muitas vezes como que apeados para o exercício da tarefa a qual foram eleitos. Fiquei surpreso ao ouvir entrevista no Programa Roda Viva na TV com o Senador Aloisio Nunes (PSDB-SP), o qual afirmou que nos últimos seis meses, teve a oportunidade de votar uma única emenda no Senado, sendo que tudo o que foi votado no período referido foram medidas provisórias enviadas pelo governo, que tem constantemente trancado a pauta. 
Pauta é a relação de leis que estão na fila para serem votadas. E o que tem acontecido é que as Medidas Provisórias acabam sendo a prioridade. E se uma MP estiver pronta para ser votada no Plenário, nada pode ser votado antes dela. Como governo e oposições não conseguem entrar num acordo, nada pode ser votado e tudo fica paralizado. 
E assim a governabilidade vai se legitimando na base do casuísmo e na orquestração das medidas provisórias. Deputados e Senadores vão sendo movimentados pelo controle remoto do Palácio do Planalto e na Câmara alta e baixa o “tranca” continua a reinar. E nós que somos o povo e que os legitimamos pelo voto temos que fazer parte do espetáculo, carregando na face o grande nariz de palhaço.