
A dupla de atacantes do Milan engrossa o movimento de fuga de talentos brasileiros do Campeonato Italiano.
Nos últimos sete meses deixaram o Calcio o goleiro Júlio César, os zagueiros Lúcio, Juan e Thiago Silva e o lateral direito Maicon, todos com história na seleção e, principalmente, altos salários.
Mostra de que a crise econĂ´mica que tomou conta da Europa a partir de 2008 bateu mais forte no futebol do paĂs tetracampeĂŁo mundial.
"O problema é que ninguém quer investir na Itália. Eles perderam a credibilidade depois de tantos escândalos de apostas, subornos e jogos entregues. O dinheiro todo vai para Inglaterra, Espanha, Alemanha ou PSG [clube francês]", afirmou o empresário Wagner Ribeiro, de Neymar e Lucas, entre outros.
Ao longo dos Ăşltimos seis anos, duas grandes manchas tomaram conta do paĂs.
Em 2006, antes do tetra italiano na Copa, foi descoberto um esquema de arbitragem que favorecia a Juventus, punida com rebaixamento para a Série B. Na temporada passada veio à tona uma rede de manipulação de resultados para favorecer apostadores que atingia todas as divisões.
Os escândalos diminuĂram a mĂ©dia de pĂşblico dos estádios, cortaram o interesse da população pelo futebol e afastaram patrocinadores. Esses fatores, somados a problemas de gestĂŁo e Ă crise econĂ´mica, detonaram o poderio financeiro dos clubes.
"Recebi no meio do ano uma proposta da Inter de Milão pelo Lucas. Era de 25 milhões de euros [R$ 67 milhões] e queriam pagar em várias vezes. Na mesma época, o Manchester United topava pagar 36 milhões, o PSG, 45 milhões", disse Ribeiro.
Com pouco dinheiro, os clubes precisam cortar veteranos de altos salários (como Júlio César e Maicon, liberados pela Inter de Milão) e negociar quem tem bom mercado: como Kaká, em 2009, e Thiago Silva e Ibrahimovic, neste ano (todos ex-Milan).
Ou seja, o paĂs que atĂ© pouco tempo atrás era comprador agora virou vendedor.
Caso o Corinthians gaste mesmo 15 milhões de euros para ter Pato, o Calcio terá arrecadado nesta temporada 62,5 milhões de euros com venda de atletas brasileiros para o exterior.
No mesmo perĂodo, gastou 36,2 mi de euros para colocar novos brasileiros em sua liga.
E essas peças de reposição nem de longe tĂŞm o perfil dos jogadores consagrados que saĂram do paĂs. SĂŁo, na maioria dos casos, apostas para o futuro, como o zagueiro Marquinhos, 18, emprestado pelo Corinthians para a Roma.
"A situação do Milan é a mesma de Inter e Juventus. As contas apertam, e eles vão trabalhando com o que têm", falou o empresário de Pato, Gilmar Veloz. (Rafael Reis)
Fonte: DN