POR QUE OS CORREIOS ESTÃO EM GREVE?


A conclusão da votação do projeto que privatiza os Correios, abrindo o capital da empresa para os especuladores imperialistas, ocorreu no dia 31 de agosto. Para aprovar este ataque contra os quase 110 mil trabalhadores da empresa e todos os cidadãos brasileiros, o governo Dilma Rousseff aplicou vários golpes.
Em primeiro lugar, colocou o projeto de privatização no mesmo texto que tratava de regras para a fiscalização de biocombustíveis. Temas sem nenhuma relação.
O objetivo era fazer com que a privatização não ganhasse destaque e, desta forma, ajudasse o ocultamento do projeto pela imprensa capitalista.
                                                                         
Em segundo lugar, o Projeto de Lei de Conversão (nome que a Medida Provisória 352 ganhou no Senado) foi aprovada em tempo recorde. Chegou ao Senado no dia 25 de agosto e, em menos de uma semana, no dia 31, já estava aprovada.
Mas não parou por aí. Por fim, os senadores realizaram apenas uma votação simbólica sobre o tema. O procedimento adotado foi o seguinte: primeiro, foi realizada uma votação sobre os pressupostos constitucionais do projeto de Lei de Conversão (PLC); um método adotado para verificar se a medida tem “relevância” e “urgência”, uma necessidade para uma Medida Provisória que chega ao Senado sem ser submetida à votação.
Nesta votação, foi aprovado que o PLC possuía pressupostos constitucionais. Depois disso, foi realizada uma votação simbólica onde apenas os líderes das bancadas se manifestaram. O resultado foi a aprovação do projeto que privatiza os Correios às escondidas, sem que a população que votou nos senadores soubessem o posicionamento destes sobre a questão. Ou seja, não é um regime político onde a população controla o governo, mas um sistema onde o governo age em defesa de uma minoria e contra os interesses da maioria.
Toda esta manobra foi realizada porque o governo Dilma Rousseff e os capitalistas sabem da impopularidade das privatizações, em particular da empresa dos Correios. Uma estatal presente em todos os municípios brasileiros e utilizados por praticamente toda a população.
A manobra também revela a política do Bando dos Quatro de colaboração com a privatização. Durante todo este processo, PCdoB-PT-Psol-PSTU ou negaram que havia a intenção de privatização ou chamaram os trabalhadores a depositarem suas confianças nos deputados e senadores, pois o projeto supostamente poderia ser barrado no Congresso Nacional. Desta forma, colocaram nas mãos das bancadas do DEM e do PSDB, aqueles que promoveram a maior onda de privatizações que o país já assistiu, a missão de barrar a privatização. Uma enorme traição aos trabalhadores, pois esta política foi uma das justificativas para boicotarem as campanhas em defesa das reivindicações dos trabalhadores, como as campanhas salariais e contra a privatização.
                                                                                        
Um balanço político da traição do Bando dos Quatro, um complemento do golpe do governo, deve servir como base para as futuras ações da categoria ecetista e, de uma forma mais ampla, para a luta contra as privatizações que o governo Dilma pretende colocar em prática no próximo período.
Ao contrário do que defende a burocracia sindical, a luta contra a privatização não acabou. Para entregar os Correios aos capitalistas será preciso aplicar na empresa as medidas para prepará-la para os especuladores lucrarem com os serviços oferecidos. Entre estas medidas estão a terceirização, demissões de milhares de trabalhadores, sucateamento da empresa etc.
Neste sentido, é preciso continuar a campanha e a luta contra a privatização dos Correios mobilizando toda a categoria e a população contra mais este ataque do governo do PT.


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